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Você já ouviu falar sobre “Afrofuturismo”?

por Guilherme Motta, Mariana Gouveia e Carol Souza
Nov 20th, 2020 » 4 min (Afro) (Afrofuturismo) (Arte) (Cultura) (FicçãoCientífica) (Filosofia)

Muita gente deve ter ouvido falar pela primeira vez em “Afrofuturismo” em 2018, com o lançamento do filme “Pantera Negra”, que nos apresentou um super-herói negro e a fictícia nação “Wakanda”-  um reino futurista fortemente pautado nas raízes africanas - unindo ancestralidade e tecnologia em seu desenvolvimento.

Recentemente, o Afrofuturismo voltou a ser comentado após o lançamento do filme musical e álbum visual “Black Is King” da cantora Beyoncé. Carregado de referências africanas e ancestralidade, “Black Is King” fez sucesso imediato e suscitou um debate pioneiro entre os Brasileiros. Mas o termo e o conceito não nasceram em 2020 e diversas obras afrofuturistas datam do fim do século XX.

E… se mesmo assim você ainda não ouviu falar nesse termo, pelo menos já deve ter visto alguma referência em capas de álbuns/músicas ou clipes de artistas como Janelle Monáe (The ArchAndroid), Afrika Bambaataa (Planet Rock) ou Erikah Badu (Didn’t Cha Know), entre outros.

(Janelle Monáe - The ArchAndroid - 2010)

Vem aqui que eu te conto mais…

O termo foi cunhado por Mark Dery na década de 90, mas Sun Ra, músico e compositor que fez sucesso nos anos 60, é tratado por muitos como o primeiro a explorar a estética e os conceitos que viriam a ser consolidados sob o termo “Afrofuturismo”. 

foto: Sun Ra

Fortemente pautado nas raízes africanas e ancestralidade do povo negro, o Afrofuturismo é um movimento filosófico e estético que visa incluir o povo negro na especulação de um futuro da humanidade. O movimento visa questionar não somente os dilemas atuais mas também revisitar os eventos do passado.

Resumindo:

Afrofuturismo é um espaço de autoria exclusivamente negra, onde mostra o protagonismo negro fora dos estereótipos colocados pela sociedade. É uma forma de representação afrocentrada que procura visibilizar a comunidade negra e suas questões combinando cultura, filosofia, arte africana, elementos de ficção científica e fantasia.

Veja uma referência em: - Beyoncé, Shatta Wale, Major Lazer – ALREADY

From BLACK IS KING, a visual album by Beyoncé, featuring music from The Lion King

No Brasil:

Não é possível falar de Afrofuturismo sem citar dois criadores de conteúdo que representam mais de 30% do total de buzz nos últimos 4 meses sobre o assunto: Morena Mariah e Ale Santos (Infiltrados no Cast). Morena é pesquisadora e estuda o movimento como seu trabalho de vida, enquanto Ale Santos é o host do podcast Infiltrados no Cast, que entre outros tópicos relevantes, dedica boa parte dos seus episódios a explorar e conhecer melhor o movimento afrofuturista.

Apesar do volume relativamente baixo de buscas sobre o termo, que indica que a conversa ainda se mantém dentro de certo nicho, o assunto certamente tem crescido em relevância e é algo do qual, possivelmente, ouviremos falar bastante num futuro próximo. Os números têm crescido com o passar dos meses (muito graças aos esforços de Morena e Ale), mas também por uma lenta inserção da discussão na grande mídia tradicional. Recentemente, o programa “Saia Justa'', da GNT, hospedou um painel de discussão acerca do tema, contando com a presença das cantoras Pitty e Gaby Amarantos e do YouTuber “Spartakus”.

Gaby Amarantos, inclusive, se tornou grande entusiasta da estética afrofuturista, o que alterou drasticamente o visual de seus clipes e redes sociais. Veja uma de suas referências aqui: Ilha do Marajó - Gaby Amarantos feat. Verequete e Waldo Squash.

Outro ponto importante lembrado pelas cantoras foi de que o Afrofuturismo possui representantes brasileiros e é importante ressaltá-los. O movimento afro americano dos EUA é o principal e mais forte do ocidente, mas o contexto e realidade do Brasil manifestam-se de maneira diferente na cultura e nas artes.

Quer saber -muito- mais sobre o Afrofuturismo?

Como o movimento ainda é novo no Brasil, boa parte do seu conteúdo nacional ainda está dentro de certos nichos de influência. Nomes como Xênia França, cantora fortemente influenciada por seu contato com o movimento, Jonathan Ferr, denominado pianista afrofuturista e um grande nome para o afrofuturismo internacional, e Fábio Kabral, escritor conceituado, principal expoente da literatura afrofuturista brasileira em 2020 e também participante do TEDxMauá 2019 (onde falou sobre "O que é afrofuturismo?") são importantes para quem quer estar por dentro de um movimento que começou a ganhar forma e cada vez mais relevância em todo o planeta.

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