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O que acontece quando você abre espaço para o erro?

por Lucas Mello
Sep 30th, 2021 » 5 min (startups)

O mundo hoje está cada vez mais líquido, mais competitivo. E isso imprime uma velocidade maior não só nos modos como nos relacionamos com os temas da atualidade, mas também em como fazemos marketing inseridos nessa sociedade.  Se antes era preciso investir muito tempo e dinheiro para entender quem era nosso consumidor, o que ele quer e como quer receber determinado produto e serviço, hoje qualquer marca recebe, em poucos cliques, um feedback imediato e em fluxo contínuo de informações que podem ser transformadas em ação. 

 

E é nesse cenário que as startups têm muito a ensinar para as grandes empresas. Elas provam, através de suas altas velocidades de crescimento, que os ditos modelos mais cautelosos de fazer marketing das multinacionais perdem e muito por não possuírem uma cultura que aceita e recompensa a tomada de risco. 

 

Por mais de uma vez, participei de lançamentos de campanhas de multinacionais que levaram mais de 12 meses para saírem do papel. Entre infindáveis alinhamentos internos, refações e a dependência de pré-testes de campanhas em 'focus groups', as grandes empresas jogam pelo ralo milhões de reais todos os anos por conta simplesmente de um fator: o medo de errar.

 

O erro foi por muito tempo visto como o lobo mau das empresas, com uma carga unicamente negativa. Bastava não errar para subir na carreira. Mas cada vez mais as multinacionais vão precisar despertar para o fato de que sem erro não existe movimento nem crescimento. O erro é a oportunidade de fazer diferente, de tentar novos modos, de ver os limites da criatividade e expandir mercados. Nesse contexto veloz, o erro é negativo se é descartado, se não é pensado a partir dali, se não é visto como uma etapa essencial do processo. 

 

Conversei com a Gabriela Onofre, vice-presidente de comunicação, marketing e cultura da Único, a maior startup brasileira de tecnologia em identidades digitais, no podcast 22000 pés, sobre essa cultura de alta velocidade que vem com a mentalidade das startups. A Gabriela tem 20 anos de experiência em grandes multinacionais como a Procter & Gamble e a Johnson & Johnson, e trouxe para a Único essa expertise em estruturação, gestão de pessoas e visão de propósito. Mas se tivesse que fazer o caminho inverso e retornar para o mundo corporativo, o que vocês acham que ela levaria junto na mala? Sim, o erro. 

 

Um parênteses aqui: se você quiser ouvir nosso papo completo, que passa por esse e outros assuntos, ouça o episódio #12 do podcast 22000 pés:

https://open.spotify.com/episode/6vIHQaVNDITgtz8sBr5CXo?si=zIPyeHZnT8OUdjd5rTFvbg

É importante salientar que são essas empresas, da nova economia, que funcionam de um jeito diferente, porque nascem já com essa mentalidade. E uma das coisas mais fascinantes das startups é que elas chegam para reinventar a forma como fazemos as coisas. Seja através de seus produtos, que usamos no dia a dia, ou pelos seus modelos de operação inovadores. 

 

Se tem alguma área de conhecimento que está passando por uma forte reinvenção, é o marketing. Velhas formas de pensar e agir, como as sustentadas pelas grandes agências das holdings de comunicação, já não fazem sentido para as startups. Aqui, a Gabriela lembrou da ℓiⱴε como um bom exemplo desse novo modus operandi. Apostamos muito as nossas fichas para construir um modelo de agência que fosse completamente flexível e ágil e, muito antes da pandemia, já funcionávamos 100% em modo remoto. Essa mentalidade também guia uma cultura da autonomia que conta com a Ollo, uma iniciativa da ℓiⱴε de plataforma de talentos excepcionais que consegue conectar pessoas com capacidades extraordinárias a projetos rapidamente, com velocidade, mas sem perder os critérios técnicos. 

 

Claro que esse modelo de agência não foi construído do dia para a noite, nem depois de um ano de planejamento e pré-testes que trouxe um produto blindado com 100% de acertos. Foi um processo permeado por erros, que possibilitaram aprendizado e nos mostraram o melhor caminho a seguir. E esse caminho é uma via expressa. 

 

Enxergar essa mudança cultural trazida pelas startups dá indicativos de que, muito em breve, grande parte das agências tradicionais vão acabar sumindo ou seguindo seus silenciosos processos de fusão. É o final de uma era na comunicação. Mas nasce, ao mesmo tempo, uma outra muito mais descentralizada e inovadora. E certamente muito mais veloz. 

 

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